sábado, 9 de março de 2013

as palavras já dizem o quanto é especial esse filme


 
                                                                                                  

"Minha dor é interna, não curte a pele, não estraga o corpo. Mas meus olhos me delatam. A dor estava toda ali dentro, os olhos sérios negros e fundos. Dor de quem já viu tudo e não espera mais nada. De quem ficou sozinho a vida inteira, encarcerado em si mesmo. De quem já viu o nada, o vazio absoluto, a ausência de cor e dor e calor e música e sentimento, já foi engolido e cuspido pelo nada incontáveis vezes, e será de novo, e de novo, e mais uma vez, até a última, quando só sobrar um caroço morto, um esqueleto sem vida. Depois de ver o nada, nada mais espera. Não é como se você ficasse insensível ou entorpecido, nada disso. Aumenta o apetite por sentimentos, aumenta a intensidade, porque você sabe que ele pode chegar a qualquer momento, como uma nuvem, uma peste silenciosa, e acabar com tudo. A dor salva do nada. Só ela salva."


''Nada nunca da certo de vez, eu sei. Tudo termina sempre acabando, só o fim permanece. Fim eterno de todas as coisas. Então me dissolvo antes do fim.''

''Os dias passam, meu corpo apodrece, corpos apodrecem. Por isso nada sou senão palavras.
Quando escrevo me afirmo, quando falo ganho sentido, quando penso ganho corpo. Meu corpo palavra.''

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